Em abril de 2022, a empresária curitibana Ariane Albino, de 33 anos, começou a ter sintomas de tosse incessante e fraqueza. Após quatro meses entre idas e vindas a emergências de hospitais, Ariane finalmente teve o diagnóstico adequado do que tinha: tuberculose.
A descoberta foi feita após familiares da empresária receberem uma notificação de um aplicativo de celular com a descrição dos sintomas da doença.
Por ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,5 milhão de pessoas morrem por tuberculose. Ainda conforme a ONU, a doença é considerada a segunda mais mortal, atrás apenas do Covid-19.
A empresária conta que não imaginava que o que estava passando poderia ser sintomas da doença e acreditava que poderia ser um reflexo do estilo de vida que estava levando.
Em julho, a mulher fez uma viagem na expectativa de descansar. Entretanto, durante o passeio, passou a sofrer com sudorese noturna, outro sintoma da tuberculose. Ao retornar para Curitiba a saúde de Ariane se deteriorou.
Foi quando o pai dela recebeu uma notificação do aplicativo Saúde Já, da Prefeitura de Curitiba, que atentava para os sintomas da doença.
“Meu pai recebeu uma mensagem automática sobre os sintomas da tuberculose. Falava justamente sobre tosse há mais de uma semana, sobre sudorese noturna, e aí foi o que acendeu nosso alerta. Ele me ligou desesperado e falou que nós íamos marcar uma consulta com o infectologista”, relembra.
Com isso, a médica da família orientou Ariane para a realização de exames, a fim do diagnóstico. Porém, segundo a empresária, desde o início a suspeita da profissional da saúde era a tuberculose.
A infectologista Camila Ahrens, do Hospital Marcelino Champagnat, explica que existem vários tipo de tuberculose, todas causadas por uma bactéria. A mais conhecida é a pulmonar.
Porém, há casos de tuberculose cardíaca, óssea, na coluna vertebral, no sistema nervoso central, entre outros.
No caso da manifestação pulmonar da doença, os principais sintomas são tosse, perda de peso, falta de apetite, sudorese noturna, emagrecimento, febre e fadiga.
Nos outros casos, os sintomas são parecidos, mas podem ser combinados com outros indícios, ligados ao local em que ocorre.
Entre os principais fatores de risco estão a desnutrição, infecção por HIV, transtornos relacionados ao uso de álcool, tabagismo e diabetes.
Conforme a infectologista, a infecção pela tuberculose acontece a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse das pessoas com a forma transmissível da doença.
Consequências do não tratamento
Assim como Ariane, muitos pacientes demoram para receber o diagnóstico adequado da doença, segundo a infectologista Camila Ahrens.
“Eu converso com muitas pessoas que dizem: ‘Ah, mas existe tuberculose ainda?’. Sim, existe, com certeza”, afirma a médica.
De acordo com Ahrens, quando a doença não é tratada a consequência pode ser a morte. Além disso, o paciente pode ter sequelas, como tosse crônica e uso de oxigênio prolongado.
Problema global e estigma
Ariane Albino conta que assim que foi diagnosticada com a doença lidou com o estigma.
“A gente ficou em choque, principalmente pelo fato de os meus pais serem mais velhos, então eles viveram uma realidade da tuberculose que era muito assustadora. Antigamente, tinham uma visão de que as pessoas que pegavam tuberculose não se cuidavam, não tinham muita higiene, que não podiam chegar perto. Então, foi um misto de desespero com ‘como assim?'”, afirma.
A situação acontece porque a tuberculose acomete principalmente grupos populacionais vulneráveis socialmente ou biologicamente. Alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade.
“É um problema global, que tem que tratar o âmago da questão. Questões de melhorar o acesso à saúde, educação, coisas básicas”, reforça Camila Ahrens.
Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2023/05/18/mulher-descobre-tuberculose-com-ajuda-de-aplicativo-de-celular-meu-corpo-chegou-ao-limite-veja-sintomas.ghtml